BIOGRAFIA
Adolescência
Hermínio foi assumindo aos poucos com os pais e irmãos o trabalho da roça, da criação e dos afazeres domésticos. Cavalgava pelas estradas a caminho do moinho ou às casas comerciais da região, em busca do necessário à família. Era prestativo, respeitoso e amigo, ao nutrir bom relacionamento com a família e comunidade. Em companhia dos pais e irmãos participava de “filós noturnos”. “Era muito estimado e ouvido pelos irmãos.”, diz o Padre Alexandre Studzinski. Suas ordens, na condição de mais velho entre os rapazes, eram acolhidas de boa vontade pelos demais, porque elas tinham por base justiça e sensatez. Quando algum irmão ou irmã não cumpria seus deveres, ele os repreendia com energia, galgado, ao mesmo tempo, em piedade, serenidade, bondade e amabilidade.
O Padre Alexandre afirma que Hermínio “era um jovem como os demais, bom companheiro e muito feliz, com sorriso permanente estampado no rosto e uma refinada sensibilidade no trato com as pessoas, principalmente com os doentes e necessitados de ajuda; comedido nas palavras, sóbrio nos divertimentos, moderado no comer e beber; vivia mais ligado à penitência do que à diversão, mais voltado para a igreja do que à bodega ou salão de festas.”.
Cristão autêntico, Hermínio julgava-se pecador e recorria com frequência ao sacramento da Confissão. O Padre Alexandre, que foi seu confessor nos últimos sete anos na família, relata que “ele costumava se confessar quase todos os domingos e festas, nas primeiras sextas-feiras do mês ou na visita do padre à comunidade.”. Sua vida foi muito discreta e pessoas atentas logo perceberam nele uma presença “diferente”, com sabor de plenitude. Iracy Savaris Castagnaro diz: “Na minha juventude conheci Hermínio e sua família. Uma família muito religiosa e cumpridora de seus deveres. Mas, quem se destacava em plenitude, humildade e paciência era o Hermínio. Ele tinha “um jeito diferente” que eu não sei explicar, mas no meu parecer ele era como “um vaso cheio”, mas cheio mesmo, dos dons do Espírito Santo. Posso afirmar isso sem medo de errar.”. Ele descobriu o tesouro de que fala Jesus e estava disposto a pagar qualquer preço para tê-lo. Esse foi o segredo, o tesouro, a fonte de água viva que a amizade de Cristo lhe ofereceu. E Hermínio soube aproveitar muito bem.
Sem se queixar da fadiga ou do calor, Hermínio conheceu cedo o árduo trabalho diário do campo. Gostava de fazer o serviço bem feito e caprichado. Apreciava as plantações, a natureza e os animais. Não raras vezes, durante o trabalho, demorava-se em silenciosas orações ou em conversas produtivas e úteis, freqüentemente sobre assuntos religiosos. Ninguém jamais viu Hermínio alterado, mal-humorado ou envolvido em conversas depreciativas. Estava sempre em algum trabalho, leitura ou oração. Sua mãe, Isabela, insistia: “Filho, descanse um pouquinho! Algum dia vou amarrar você na perna da mesa para ver se para um pouco.”. Essa disposição foi posta em prática também em sua vida religiosa capuchinha.
A oração era o forte de Hermínio, sua paixão, sua alegria e sua razão de ser. Rezar era para ele viver uma relação pessoal de amizade com Deus, estar em sua presença, escolhê-lo como Senhor absoluto de sua vida e de seu destino. A oração não era afetada ou artificial. Ela o acompanhava por toda a parte. Amava a Eucaristia. A missa era uma festa para a família Pinzetta. Quando chegava o padre na Capela (no início só duas vezes ao ano), a alegria era geral. Todos vestiam a melhor roupa, porque era um evento, uma festa. Na véspera, se preparavam para a Comunhão. Rinaldo, irmão de Hermínio, lembra que “os serviços terminavam mais cedo. Hermínio ia se preparar assobiando ou cantarolando. Depois se recolhia no quarto para ler algum livro piedoso e rezar. Nós gostávamos de ir à missa e chegávamos a brigar pela nossa vez. A Igreja de Casca ficava a 12 Km e não havia cavalos para todos”.
As devoções populares e a leitura faziam parte da vida do jovem Hermínio, sendo que a mais forte e a que cresceu em vigor e fé até o fim de sua vida foi a Eucaristia. Relacionada com a Eucaristia está a devoção ao Sagrado Coração de Jesus. Participava das primeiras sextas-feiras do mês, enfrentando chuva e frio. Era fidelíssimo devoto de Nossa Senhora, a quem amava com toda sinceridade filial. Recitava o terço. Gostava de cantar seus louvores. Falava com gosto a seu respeito e dizia: “O que nós pedimos a Nossa Senhora ela concede, porque ela é como uma mãe que não abandona o filho. Este vai uma vez, vai outra e ela acaba dando sempre. Temos que ter muita fé em Nossa Senhora”. Nutria também uma devoção especial a São Luiz Gonzaga, padroeiro da paróquia e da juventude; a Santa Terezinha do Menino Jesus; a Santo Antônio, padroeiro da Capela do Trinta; as almas do purgatório; as grandes festas do ano e, mais tarde, a São Francisco de Assis. O pároco Padre Alexandre afirma sobre a família Pinzetta que “na casa havia terços por todo o lado, eles rezavam de fato”.
Mesmo com pouco estudo e dificuldades, ele apreciava a leitura. Lia livros religiosos, a História Sagrada e outros devocionais. Além de biografias de santos e santas lia: Massime Eterne, o Maná, Adoremos, Sursum Corda, Anjo da Infância (orações para meninos). A Imitação de Cristo foi uma obra que leu durante a vida toda, quando se espelhava e alimentava o desejo de assemelhar-se a Cristo, imitá-lo e seguí-lo. Essas leituras iam despertando e fomentando o gosto pela oração, pela escuta da Palavra de Deus e pela prática das virtudes. Rinaldo, falando de si e de Hermínio, diz: “Desde pequenos o pai nos explicava a História Sagrada e começamos a gostar do Evangelho.”. O Padre Alexandre referindo-se a Hermínio relata: “Lia e relia os santos Evangelhos e assimilava sua doutrina. Ele manifestava um profundo conhecimento espiritual e sabia discernir o que Cristo desejava de nós. Sendo um jovem pouco culto, julgo que Deus lhe concedera alguma iluminação sobrenatural.”. Hermínio lia bastante e escutava com atenção o sermão do padre. Ao voltar para casa explicava o sermão aos que não tinham ido à igreja. Assim, exercitava sua vida espiritual e o amadurecimento vocacional.